sexta-feira, 29 de maio de 2009

Ética? Assista o filme "O Clube do Imperador"

O Clube do Imperador

Um professor, William Hundert (Kevin Kline), de História Antiga pela qual era fascinado, conceituado de um colégio para rapazes, St. Benedict's era respeitado e amado pelos seus alunos, rígido com valores, ética e conduta moral que sempre primou pela retidão em todos os aspectos de sua vida.
Acostumado com um padrão de alunos, recebe um novo integrante da turma Sedgewick Bell (Emile Hirsh), que vem a ser filho de um senador que não quer saber de problemas, pontuando assim ao filho, se ele sabe o quanto ele está pagando para que o mesmo estivesse ali, e alega não ter tempo para "limpar sua barra", permitindo nesta fala observarmos a responsabilidade da educação de seu filho à escola, somando as falhas morais e éticas. Este aluno é inteligente, porém não é esforçado, quer resultados não importando os meios para tal, não se interessa pelas aulas e nem pelos estudos.
Neste colégio existia o "Concurso Senhor Júlio Cesar", que vem a ser uma disputa entre os alunos da classe, onde num primeiro momento respondem questões concernentes a História Greco-Romana, até chegar à classificação de 3 participantes para uma rodada de perguntas e eleição do "Senhor Júlio Cesar" do ano.
O professor observa o comportamento deste aluno Bell, e vislumbra um futuro brilhante para o rapaz, embora com toda a rebeldia e pouco interesse do jovem, o que o professor não contava era que, com todos os esforços docentes o rapaz fosse desonesto e roubasse no concurso, na rodada final.
A decepção foi enorme, pois para Bell participar deste concurso o professor foi contra seus princípios e o passou-o na frente de um também brilhante aluno.
A questão principal é de que maneira podemos na relação entre professor/aluno de maneira ética, pautada em valores sólidos, visto que o mundo nos mostra "não valer a pena", pois a educação de base, a educação familiar vem de berço e o acompanha, e é bastante difícil de modelar, é possível modificar, caso seja necessário, mas em se tratando de um colégio tradicionalista e dispendioso, onde o Diretor é comunicado que o aluno está burlando as normas, no caso "colando", e por ser filho do Senador esta falha "não deve" ser reparada imediatamente, mostrando a impunidade em relação aos "poderosos".
O professor perde a diretoria para uma pessoa menos preparada, reforça a idéia de poder X competência, onde o interesse financeiro é o regente desta orquestra.
Esta questão agrava a consciência do professor, ao ver o quanto se desviou da ética e retidão. Em sua mente estes questionamentos vêm para elucidar o educador: "O caráter de um homem é o seu destino"’, "O fim depende do início", "retidão X senso de ambição", "O caráter de um homem determina seu destino", "A estupidez de um homem é eterna".
Parece-me que o filme "Clube do Imperador" retratou o dilema de um professor que acreditou no potencial de um aluno culto, porém rebelde, debochado, teimoso, mas com tudo isto tentou modelar o caráter deste, falhando. Para a constatação deste docente, Bell, foi uma decepção, mas, através dos outros alunos pode constatar seu erro e mais: "Mas o valor de uma vida não é determinada por um único fracasso ou um sucesso solitário... ", pois os outros alunos o ensinaram quando mostraram a gratidão pela educação recebida, o reconhecimento quando leram a placa em homenagem ao professor.
Senhor H, como era carinhosamente chamado por alguns alunos, chegou à conclusão que "Por mais que tropecemos, o fardo de um professor é sempre esperar que o ensino mude o caráter de um garoto e assim o destino de um homem".
Dentre algumas lições que o filme nos pauta, devo salientar a passagem em que humildemente o Senhor H. se despe de qualquer pudor e se desculpa ao aluno, o qual tirou a vez de participar do concurso, e com a educação de um gentleman aceita suas desculpas e não a valoriza negativamente. Outra oportunidade de avaliar o resultado dos ensinamentos é a correção digna e decente de todos os erros cometidos pelo professor ao longo dos acontecimentos, pois não ficavam totalmente impunes, aja visto que nas duas finais do concurso o professor redimiu seu erro dando ao concorrente uma pergunta que Bell não seria capaz de responder.
Um professor dedicado como este, ainda aceitou o convite da revanche esperando ver um desfecho diferente do anterior com Bell, mas este o golpeia com os recursos das novas tecnologias e estrategicamente a utiliza com um "golpe de mestre", pois anuncia sua candidatura ao senado assim como seu pai. Neste caso Bell faz uso do "objeto de poder" que são seus alunos de classe, nata da sociedade bem sucedida, que desconhecem suas farsas e artimanhas para se colocar na disputa pelo senado.
O fato é que depois de tantos sabores e dissabores o Senhor H volta a lecionar com o mesmo amor e entusiasmo dos velhos tempos, partindo da premissa que não incorrerá no mesmo erro novamente.
Infelizmente ou não, o filho do rapaz em questão ouve a conversa no banheiro descobrindo assim o caráter de seu pai. O que nos dá dupla interpretação, o filme teria uma continuação para vermos se o herdeiro de Bell conduz sua vida independente da influência do pai, mostrando que seu caráter será moldado para melhor ou com o decorrer da vida o filho seria capaz de mudar o caráter do pai desonesto, enfim, fica aí uma interrogação bastante interessante.
O Caçador de pipas
O autor nasceu no Afeganistão, mas foi criado nos Estados Unidos. Neste belo livro ele conta a história de um menino afegão que teve uma infância dourada no Afeganistão e mais tarde emigra para os Estados Unidos, onde se forma na faculdade e acaba criando uma carreira respeitável lá. O livro é a história, narrada na primeira pessoa, da sua amizade de infância com o filho do caseiro de seu pai. Os dois foram criados juntos e têm uma amizade fraternal. As circunstâncias da vida os separam, porém a amizade não morre. O livro não informa se é auto-biográfico, mas a idade do autor coincide com a do personagem, permitindo essa especulação.É difícil falar sobre um livro sem querer estragar o prazer do eventual leitor contando o que acontece, já que a história é cheia de surpresas. Só direi que as pipas do título, na tradução da editora carioca Nova Fronteira, são mais conhecidas como papagaio em São Paulo (empinar papagaio é a expressão usada) e pandorga em outras regiões do país. E são, no Afeganistão, muito mais populares do que aqui, com um sabor de ritual de competições entre jovens, e em outros países até com conotações religiosas. E aquilo que no Rio de Janeiro chamam de cerol, que eu pensava que era uma invenção das favelas cariocas (cerol consiste em você lubrificar seu barbante com algo adesivo, como cera, e revesti-la com vidro moído, tornando a fita cortante e um instrumento para cortar a fita dos outros), pelo jeito é conhecido em muitos lugares do mundo. Existem divergências sobre a origem dos papagaios. Muitos acham que têm origem na China, há cerca de três mil anos. Outros afirmam que no Egito antigo eles já eram conhecidos. Este site já criticou algumas vezes a demora de nossas editoras a lançar livros estrangeiros. Marguerite Yourcenar, lançada com mais de 20 anos de atraso, foi um exemplo. Vale, portanto, comemorar o lançamento aqui, deste livro, com alguma rapidez, j á que foi lançado nos Estados Unidos em 2003. Fica uma pergunta: por que o caçador? No livro ninguém está caçando. Poderiam ter achado uma tradução melhor para The Kite Runner, título do original em inglês.